Fotografias de Ricardo Reis

Duarte nasceu em Évora a 20 de Novembro de 1980 e viveu toda a sua infância e adolescência na Vila de Arraiolos.

 

Com apenas sete anos, Duarte iniciou a sua aprendizagem musical e começou a cantar fado, mas durante a adolescência optou por explorar outros estilos musicais, passando por vários projectos musicais da linha pop/rock. Até 1997 Duarte frequentou a Academia de Música Eborense. Ainda nesta instituição, integrou o Grupo Coral e alguns projectos de música de câmara.

 

Duarte foi monitor de música e participou na dinamização de algumas sessões de musicoterapia em instituições particulares de solidariedade social. Estudou na Universidade de Évora e pertenceu à Tuna Académica desta academia, tendo finalizado a licenciatura em Psicologia Clínica, no ano de 2003. 

 

Foi no ano de 1997 que Duarte voltou a descobrir o fado. Desde esta data que Duarte se dedica de forma efectiva ao fado, começando por dinamizar noites de fado na sua cidade natal, em 2001 no Restaurante Café Alentejo e, posteriormente, em 2002, no Restaurante/Casa de Fados Bota Alta.

 

O seu primeiro trabalho discográfico, de título “Fados Meus”, foi apresentado em Julho de 2004. Neste disco Duarte optou por aliar às músicas dos fados tradicionais (Fado Vianinha, Fado Zé Negro, Fado Marcha do Manuel Maria, Fado Mouraria estilizado, Fado Alexandrino Antigo, etc...) a poemas de Fernando Pessoa, Aldina Duarte ou Maria Teresa Grave, mas também quatro temas com poemas de sua autoria (“Naquela manhã deserta”, “Sendo a noite quase dia”, “Dizem que o meu fado é triste” e ainda “Évora Doce”) 

 

Após o lançamento do disco Duarte apresenta-se em inúmeros concertos, em Portugal e Espanha. E, ainda nesse ano, o seu tema “Dizem que o meu fado é triste”, um poema seu na música do Fado Menor do Porto, integrou a colectânea “Fados do Porto”, inserida na colecção “100 anos do Fado”, organizada pelo jornal “Público”.

 

A partir do final de 2004 Duarte passa também a apresentar-se regularmente na casa de fados "Senhor Vinho", a convite de Maria da Fé e José Luís Gordo. Paralelamente o fadista integra diversas apresentações e espectáculos, programas radiofónicos e televisivos, entrevistas e concertos, dos quais destacamos a actuação na “Noite de Fado Jovem”, organizada pela Câmara Municipal de Lisboa no Museu do Fado; a participação numa “Noite de Fados em Homenagem ao Fadista Carlos Zel”,

 

Atenta às qualidades interpretativas deste jovem fadista, a Fundação Amália Rodrigues atribui-lhe, em Novembro de 2006, o prémio “Fadista Revelação Masculina”.

 

Em 2007 a Câmara Municipal de Arraiolos distingue Duarte com a Medalha de Mérito Municipal – Secção Cultural. Nesse mesmo ano foi nomeado para o Prémio Mais Música 07, da Revista Mais Alentejo.

 

Entre Novembro e Dezembro de 2007, Duarte alarga o seu âmbito de actuações com a realização de uma temporada de concertos no Teatro Polis de Atenas, na Grécia, a convite da compositora Evanthia Reboutsika e da cantora Elli Paspala. O sucesso é de tal forma marcante que Duarte volta à Grécia em Agosto do ano seguinte para actuar no I Festival de Música Mediterrânica de Chios.

 

Depois de ter sido nomeado 3 anos consecutivos, em 2009 foi Prémio Mais Musica da Revista Mais Alentejo sendo o mais votado pelos leitores desta revista, junto de colegas como os Virgem Suta, Mafalda Veiga, Ana Sofia Varela e António Zambujo também eles nomeados nesta categoria

 

A convite do cineasta José Fonseca e Costa, compõe o tema que serve de banda sonora ao filme “Mistérios de Lisboa”, tema esse que entra no seu segundo álbum lançado em  Novembro de 2009, “Aquelas Coisas da Gente”. Duarte pretende aliar o fado tradicional a novas sonoridades, desta forma Duarte assume como referências não só os fadistas Carlos do Carmo, Camané e Amália, mas também artistas ligados a outras formas de música portuguesa como Jorge Palma ou Sérgio Godinho. Duarte apresentou o seu trabalho em digressão por Portugal, África, Ásia e Europa.

 

Em 2014 deu início ao projecto “Sem Dor Nem Piedade”. O álbum é lançado em Maio de 2015 sendo recebido com grandes elogios da crítica e entusiamo do público. Apresentando-se entre outros no Centro Cultural de Belém (CCB) em Lisboa, em França, Espanha, Polónia etc... Duarte canta o fim de uma relação, canta histórias que venceram a solidão. Um disco que elogia o ser capaz de estar só, o ser capaz de partir sozinho.

 

“Sou casado com a psicologia mas o fado é a minha amante”

“…Nessa confissão de Duarte, a nova estrela do fado, ecoa essa ambivalência da alma portuguesa, sempre em busca dessa saudade em que se afundam aqueles que se deixam encantar pelas sirenes da melancolia da ausência. No entanto, Duarte não é mais um fadista, daqueles que se dizem estar entre os melhores de sua geração. Sua singularidade começa numa dupla actividade assumida. Outros antes dele, como Fernando Machado Soares, o último cantor do fado de Coimbra, juiz da corte de Almada, na outra margem do Tejo, experimentaram essa realidade. Mas, para Duarte, também é um status de cantor e compositor, raro entre os fadistas….” 

por Antonio Mafra

 

A 20 de Fevereiro de 2016, Duarte edita o álbum “Sem Dor Nem Piedade” em França apresentando-o no Teatro das Abesses e segue depois em digressão por todas as regiões de França, à parte dos seus concertos em Portugal. 

 

Considerado por alguns como “o Príncipe da Melancolia” ou como “o mais contemporâneo dos fadistas”, Duarte apresenta (ou apresenta-se) “Só a Cantar”. Em 2018 é lançado este novo trabalho, com produção de João Gil. Composto por onze temas e com a orientação artística de Aldina Duarte, que contribui com a sua autêntica e significativa vivência de trabalho na matéria dos fados, apontando quais as melhores melodias do fado tradicional que serviriam as letras de Duarte. Para além do tema original composto por José Mário Branco, são reinventados cinco fados tradicionais, quatro temas inéditos de Duarte e um tema do Cancioneiro Popular Alentejano. Este trabalho foi distribuído em Portugal e França.

 

O registo dos cinzentos, a atitude contracorrente e a não importância dada ao mainstream são factores que marcam o caminho do fadista/cantautor e que confirmam “Só a Cantar” enquanto objecto de um espaço próprio, na manifestação artística de Duarte.

“Porque fazer de novo é cuidar dos conteúdos, sem nos perdermos na ilusão dos efeitos.”

 

Dia 26 de Março de 2021 é lançado um novo trabalho CD/Livro “No Lugar Dela”, um disco de combate à malícia dos dias. Conceptual e fundamentado num exercício empático. O cantar e o contar do lugar de umas quantas mulheres. O olhar de um homem sobre esses lugares. Porque estar no lugar dela é estar no lugar do outro. Porque estar no lugar dela não é ser ela – o outro. Acreditando que por este movimento podemos ter dias mais leves. Assim como se o remédio dos nossos dias fosse a empatia. Assim como se fundamental fosse a empatia. Com pré-produção de José Mário Branco. Com uma formação musical em trio de fado e quarteto de cordas clássico, tentamos pois, o lugar do outro, ou neste caso, de outras.

 

“Não vamos enganar as pessoas e dizer que é um disco de fado só porque gravamos três fados. Não vai ser um disco de fados, embora seja um fadista a cantá-lo.”

por José Mário Branco (Julho 2019)

 

Em 2022, Duarte ganha o Prémio Carlos Paredes em ex aequo com o Sexteto Bernardo Moreira, prémio entregue pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.

 

Nos dias que correm, 2024, Duarte já gravou o seu novo disco intitulado "Venham mais vinte 2004 - 2024". Se “No Lugar Dela” foi empatia, “Venham Mais Vinte” é vulnerabilidade. Um trabalho de procura de beleza na vulnerabilidade. Este sairá a 20 de Novembro, estejam atentos!